terça-feira, 4 de março de 2014

RELEMBRE A HISTÓRIA DE RENATO SORRISO: O GARI QUE CONQUISTOU O MUNDO

       

A avassoura é meu passaporte', diz gari Renato Sorriso, símbolo carioca


Gari Renato Sorriso e a vassoura que abriu seus caminhos para a fama (Foto: Alba Valéria Mendonça/ G1)

Quem ouve Renato Luiz Feliciano Lourenço, de 48 anos, dizendo: "A vassoura é o meu passaporte" pode até associá-lo a um bruxo que se utiliza do objeto como meio de transporte. Quase isso. Foi graças a ela, seu instrumento de trabalho diário da companhia de limpeza urbana do Rio, a Comlurb, que ele se transformou em Renato Sorriso, o gari mais famoso do país, considerado um símbolo da carioquice, com sua alegria e descontração.








Com o sorrisão sempre estampado no rosto - sua marca registrada - mesmo de férias já começa a se preparar para brilhar mais uma vez. Vai estrelar nesta quarta-feira (7) uma campanha da Comlurb de conscientização dos moradores das favelas do Jacarezinho e de Manguinhos, na Zona Norte do Rio, sobre a coleta de lixo nessas comunidades. Ele já participou de ações semelhantes em favelas pacificadas como Borel, Morro dos Macacos, Morro do Fallet e Estácio. Toda vez que aparece, diz ele, a coleta de lixo nas regiões aumenta cerca de 3%.
"Quero pedir que as pessoas mantenham suas ruas limpas, que respeitem os locais e horários de coleta, que não joguem lixo no chão ou nos rios. Não cortem árvores sem falar com a Comlurb, não despejem óleo nos bueiros e que respeitem o nosso trabalho, o meio ambiente e o espaço público. Os garis são os anjos da limpeza", clama Renato.
Foi com a vassoura que ele teve a oportunidade de conhecer seis países, ser um dos destaques da comitiva brasileira no encerramento das Olimpíadas de Londres, em agosto passado, e segurar a Tocha Olímpica. Agora, Renato sonha em participar da festa de abertura dos Jogos de 2016, no Rio.
"Mesmo que um dia ganhe muito dinheiro nunca vou deixar a Comlurb. Como Renato Sorriso, de vassoura na mão, conquistei o prestígio que tenho hoje. A companhia me apoia e eu não posso largar ela na mão. Já viajei oito vezes para o exterior. Conheci França, Inglaterra, Espanha, Suíça, Bahrein e Canadá. Já fui três vezes à Paris, estou até enjoado. No Sambódromo não aguento mais beijar a Juliana Paes", brinca Renato.

Vassoura abre caminhos há 17 anos

Há 17 anos ele usa a vassoura para abrir seus caminhos. Ex-faxineiro, ex-camelô, ex-diarista, ex-vendedor de cachorro quente, Renato conta que passou a gari porque, sem instrução, não conseguia emprego melhor. Interrompeu os estudos na 5ª série e sonhava em ser técnico de refrigeração. Ele achava lindo quando o pai conseguia fazer funcionar as geladeiras velhas que a mãe ganhava para conservar a comida da família de oito filhos.
"Minha mãe dizia que quem não estudava virava lixeiro. Ela acertou em parte. Virei gari. Para mim, lixeiro é quem joga lixo nas ruas, vive na sujeira e não dá valor ao nosso trabalho", observou Renato.
Logo de cara, ele foi designado para trabalhar na área da Praça Xavier de Brito, na Tijuca, na Zona Norte, onde está até hoje. Além de conquistar respeito e reconhecimento dos moradores, descobriu que poderia aliar o trabalho a uma grande paixão: o samba. A coordenadoria daquela área é também responsável pela limpeza do Sambódromo durante o carnaval.
"Quando fui escalado para trabalhar no carnaval nem acreditei. Quando a escola acabou de passar pelo Setor 1 e a gente começou a varrer, não resisti e comecei a sambar. O povão gostou, mas levei a maior bronca do chefe. Mas estava agradando e o chefe levou a maior vaia. Ele se desculpou com a arquibancada e estou aí até hoje. O povão do Setor 1 se identifica com os garis", relembrou Renato, que já foi destaque na Grande Rio e na União da Ilha do Governador, e que fez um acordo com a Comlurb de só desfilar em uma escola a cada dia de desfile para não atrapalhar o trabalho.

Um comentário:

  1. Estou fazendo um trabalho para IFPE onde estudo,estamos falado sobre descartes de lixo entre ele meu principal foco é os nossos amados Gari, onde aqui faço das palavras de Renato sorriso (Virei gari. Para mim, lixeiro é quem joga lixo nas ruas, vive na sujeira e não dá valor ao nosso trabalho", observou Renato.) Parabéns Renato

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