Novo analfabeto brasileiro tem entre 30 e 40 anos e está no mercado de trabalho
São 14 milhões sem ler e escrever e uma nova geração se forma com a deficiência no ensino
Maria Carolina de Ré, do R7

Nascido em Garanhuns (PE), Damião da Conceição, 28 anos, nunca havia
pisado numa escola até 5 de fevereiro, quando participou do primeiro dia
de aula do curso de alfabetização do Cieja (Escola Municipal de Ensino
Supletivo Gratuito), em Ermelino Matarazzo, São Paulo.
Ele é um dos milhares de brasileiros que estão entrando na escola depois de adultos. Apesar dos avanços atestados por indicadores educacionais e programas de alfabetização, especialistas como a diretora da ONG Todos pela Educação, Priscila Cruz, explicam que o País ainda tem muito o que melhorar para fechar a "torneira do analfabetismo" e impedir que, no futuro, outros jovens passem pelas mesmas dificuldades que Damião enfrentará para aprender a ler.
Dados publicados na pesquisa “Educação e desigualdades na cidade de São Paulo” da ONG Ação Educativa, atestaram que a capital paulista possui cerca de 280 mil jovens e adultos analfabetos.
Diferentemente do estereótipo corrente, que geralmente relaciona o analfabetismo como um problema que afeta pessoas com mais de 60 anos que vivem no interior, esses moradores da capital fazem parte da população economicamente ativa.
Roberto Catelli Júnior, pesquisador da Ação Educativa, conta que um em cada quatro brasileiros não ”funciona” plenamente na sociedade contemporânea, que exige o domínio da leitura e da escrita.
— É possível dizer que existe um novo perfil de analfabetos no País, composto por pessoas com idade entre 30 e 40 anos, que não tiveram acesso às políticas de inclusão escolar. Quando não são totalmente iletrados, eles leem e escrevem muito pouco e podem ser considerados analfabetos funcionais, reforça.
Priscila, da Todos pela Educação, concorda com Catelli. Ela também afirma que as políticas de escolarização promovidas no Brasil até hoje não foram capazes de fechar a “torneira do analfabetismo” e podem produzir uma nova geração de analfabetos.
Para reforçar sua tese, a especialista cita como exemplo o resultado de uma pesquisa feita a ONG em 2012 com crianças de oito anos de todo o País.
— Fizemos uma pesquisa com alcance nacional, cujos resultados mostraram que apenas metade das crianças com oito anos de idade matriculadas na escola foram plenamente alfabetizadas. Ou seja, estamos investindo para manter esses alunos estudando regularmente, mas eles não estão aprendendo o conteúdo adequado para sua série. Podemos estar formando uma nova geração de analfabetos, frisou.
Metas da Unesco
O último relatório com indicadores educacionais, divulgado pela Unesco no dia 29 de janeiro, destacou que o Brasil é a oitava nação com maior número de analfabetos adultos entre 160 países pesquisados. O País ficou atrás apenas da Índia, China, Paquistão, Bangladesch, Nigéria, Etiópia e Egito.
Segundo a Unesco, 14 milhões de pessoas declararam que não sabem ler nem escrever. Na proporção da população de analfabeto da América Latina, que soma 36 milhões de pessoas, os brasileiros chegam a 38,5%. Se mantiver o ritmo de escolarização atual, o Brasil não deve conseguir atingir a meta traçada pela organização até 2015.
Ele é um dos milhares de brasileiros que estão entrando na escola depois de adultos. Apesar dos avanços atestados por indicadores educacionais e programas de alfabetização, especialistas como a diretora da ONG Todos pela Educação, Priscila Cruz, explicam que o País ainda tem muito o que melhorar para fechar a "torneira do analfabetismo" e impedir que, no futuro, outros jovens passem pelas mesmas dificuldades que Damião enfrentará para aprender a ler.
Dados publicados na pesquisa “Educação e desigualdades na cidade de São Paulo” da ONG Ação Educativa, atestaram que a capital paulista possui cerca de 280 mil jovens e adultos analfabetos.
Diferentemente do estereótipo corrente, que geralmente relaciona o analfabetismo como um problema que afeta pessoas com mais de 60 anos que vivem no interior, esses moradores da capital fazem parte da população economicamente ativa.
Roberto Catelli Júnior, pesquisador da Ação Educativa, conta que um em cada quatro brasileiros não ”funciona” plenamente na sociedade contemporânea, que exige o domínio da leitura e da escrita.
— É possível dizer que existe um novo perfil de analfabetos no País, composto por pessoas com idade entre 30 e 40 anos, que não tiveram acesso às políticas de inclusão escolar. Quando não são totalmente iletrados, eles leem e escrevem muito pouco e podem ser considerados analfabetos funcionais, reforça.
Priscila, da Todos pela Educação, concorda com Catelli. Ela também afirma que as políticas de escolarização promovidas no Brasil até hoje não foram capazes de fechar a “torneira do analfabetismo” e podem produzir uma nova geração de analfabetos.
Para reforçar sua tese, a especialista cita como exemplo o resultado de uma pesquisa feita a ONG em 2012 com crianças de oito anos de todo o País.
— Fizemos uma pesquisa com alcance nacional, cujos resultados mostraram que apenas metade das crianças com oito anos de idade matriculadas na escola foram plenamente alfabetizadas. Ou seja, estamos investindo para manter esses alunos estudando regularmente, mas eles não estão aprendendo o conteúdo adequado para sua série. Podemos estar formando uma nova geração de analfabetos, frisou.
Metas da Unesco
O último relatório com indicadores educacionais, divulgado pela Unesco no dia 29 de janeiro, destacou que o Brasil é a oitava nação com maior número de analfabetos adultos entre 160 países pesquisados. O País ficou atrás apenas da Índia, China, Paquistão, Bangladesch, Nigéria, Etiópia e Egito.
Segundo a Unesco, 14 milhões de pessoas declararam que não sabem ler nem escrever. Na proporção da população de analfabeto da América Latina, que soma 36 milhões de pessoas, os brasileiros chegam a 38,5%. Se mantiver o ritmo de escolarização atual, o Brasil não deve conseguir atingir a meta traçada pela organização até 2015.
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