Invisível ou tachada como traficante em aeroportos, Alexandra Baldeh Loras é exemplo claro do racismo disfarçado no País
Aos 38 anos, consulesa é uma das ativistas mais jovens que tratam do tema do racismo
Nem o passaporte diplomático livra Alexandra
Baldeh Loras das mazelas do racismo. “Sempre me param na alfândega.
Acham que sou uma ‘mula’ [pessoa que faz o transporte de drogas], uma
traficante de drogas”, conta a jornalista francesa que chegou à capital
paulista, há pouco mais de três anos, na posição de mulher do
cônsul-geral Damien Loras.
Nesse tempo, Alexandra
já sofreu quase todo o tipo de preconceito que as brasileiras negras e
pobres sofrem diariamente. “Em eventos [do consulado] que recepciono,
muitos convidados não se dão conta de que sou a consulesa. Mesmo depois
que pego o microfone para falar algo, não percebem que era eu a pessoa
pela qual passaram sem dar atenção na entrada", conta.
“O
mesmo acontece em hotéis de luxo, que só me tratam bem depois de
ouvirem o meu sotaque, ou quando estou no clube com meu filho, quando
perguntam o porquê de eu não estar de branco [traje obrigatório em
vários lugares para babás]”, acrescenta. O espanto cresce ainda mais
quando esse público elitizado a vê ao lado do marido. "Acham que eu só
poderia ser casada com alguma pessoa mais velha, me ligando a algum tipo
de oportunista, e não com o Damien, que é lindo”.
Aos
38 anos, a consulesa é uma das mais jovens ativistas da causa negra. Nos
últimos meses, fez participações em importantes programas de televisão
brasileiros e chamou a atenção pela polêmica e astúcia ao lidar com um
público muitas vezes avesso às suas ideias.
Nenhum comentário:
Postar um comentário